A empresa Lusogenes foi criada em outubro de 2011, pelas três maiores cooperativas do setor, a Agros, a Lacticoop e a Proleite, em colaboração com a Associação Nacional para o Melhoramento dos Bovinos Leiteiros (ANABLE). Produz e comercializa sémen de bovino e disponibiliza vários serviços a produtores e parceiros, nomeadamente inseminação, genotipagem, transferência embrionária e consultoria. Com forte tradição em parcerias com empresas norteamericanas fornecedoras de genética, em 2023 a Lusogenes estabeleceu uma nova parceria com uma empresa internacional sediada nos EUA, da qual é representante exclusiva em Portugal — a STgenetics — abrangendo a distribuição exclusiva dos seus produtos, tecnologia e serviços ligados à genética bovina. Esta parceria permite-lhe, agora, disponibilizar aos produtores portugueses o melhor sémen e embriões que existem a nível mundial. A STgenetics opera um dos melhores programas de melhoramento genético a nível mundial, e possui atualmente touros de grande valor genómico nos rankings top 100 mundiais (no ranking mais valioso a nível mundial o índex TPI, publicado em dezembro de 2023, a A STgenetics tem o touro nº1 do Mundo e 4 touros nos 5 primeiros lugares). A STgenetics é também líder global no sémen sexado, com a tecnologia mais recente e de maior qualidade, registada como UltraPlus®. Combinando a tecnologia mais avançada da genotipagem, através do programa Vision+® com o programa de emparelhamentos Chromossomal Mating®, disponibiliza aos clientes uma ferramenta que permite aos produtores exponenciar as características produtivas, de saúde e fertilidade, da geração seguinte nos seus efetivos. Outros serviços prestados pelo centro de colheita de sémen da Lusogenes são a produção e/ou venda de sémen de raça Holstein Frísia e de outras raças. A comercialização do sémen, facilitada por parcerias com associações de produtores de raças bovinas, assim como com produtores/criadores de genética que comercializam sémen em Portugal e no estrangeiro, estende-se a raças, como as de aptidão carne melhoradoras de interesse nacional (ex: Limousine, Angus) e as raças nacionais. A área de atuação da Lusogenes abrange a totalidade do país (Continente e Ilhas), embora a inseminação esteja restringida à zona Centro. A Lusogenes também atua na área da formação, facultando cursos de inseminação, com a duração de 100 horas, alguns certificados pela DGAV.
Que serviços oferece a Lusogenes?
Atualmente, a Lusogenes disponibiliza vários serviços a produtores e parceiros, nomeadamente inseminação, genotipagem, emparelhamento corretivos, transferência embrionária e consultoria.
Como funciona o centro de produção de sémen?
O centro funciona de acordo com as exigências previstas na legislação europeia e nacional. Produzimos e comercializamos sémen dos touros que adquirimos, e também dos reprodutores de algumas associações que trabalham connosco, como as das raças Marinhoa, Alentejana e Mertolenga, ao abrigo dos programas oficiais de melhoramento dessas raças. Também temos aqui touros, de várias raças, em regime de prestação de serviços, por um período de tempo, para a colheita de sémen.
De que consta o serviço de genotipagem?
Este serviço é cada vez mais utilizado pelas explorações, sejam pequenas ou grandes, pois permite melhorar, de forma rápida e segura, o efetivo. Normalmente, o teste é feito em vitelas até à primeira inseminação, dependendo do objetivo do produtor, para definir que tipo de sémen vai utilizar em cada novilha. Trabalhamos com o laboratório da STgenetics, Genetic Visions-ST, localizado nos EUA. Oferecemos três níveis de serviço, e consultoria após a análise de resultados. Fazemos o emparelhamento corretivo, com um programa da STgenetics, o Strategy, para obter maior eficácia nos resultados (mais info: geneticvisions.com).
Que dificuldades existem na exportação de sémen?
Nós trabalhamos de acordo com o cumprimento do regulamento delegado (EU) 2020/686, e nele constam requisitos aplicáveis em casos de doenças específicas, passíveis de ocorrer em território europeu. Por exemplo, neste momento, esta região é zona afetada pela Língua Azul e doença Hemorrágica Epizoótica, o que implica o cumprimento de um protocolo para podermos comercializar o sémen. Ou seja, estamos sujeitos ao cumprimento das obrigações sanitárias e zootécnicas existentes em cada momento. Por outro lado, existe a questão da certificação, que é necessária para se poder exportar. Essa certificação, feita entre as autoridades de ambos os países, é quase sempre um processo moroso. Atualmente, estamos a exportar para a Holanda, Suíça, Áustria, Espanha e Angola.
Como anteveem o futuro deste centro de produção?
Este é o único centro de bovinicultura que está a funcionar regularmente. O seu objetivo principal é dar resposta aos criadores de genética nacional de diferentes raças bovinas, com os quais podemos fazer vários tipos de parceria e comercializar boa genética, promovendo também o bom trabalho que se faz em Portugal. O Centro tem sempre touros, uma dimensão interessante e equipamento e tecnologia recente. No último ano, realizámos um investimento com a compra de dois equipamentos:
– o NucleCounter, que fornece a concentração direta de espermatozoides por ml numa amostra de sémen fresco ou diluído (chemometec.com).
– o AndroScope, que permite analisar e obter relatórios da qualidade do sémen das amostras.
Portanto, é bom que este centro tenha futuro, porque é um dos únicos no país com esta capacidade. Mas para que seja viável economicamente, era importante que todas as raças nacionais trabalhassem connosco, pois estamos abertos a parceias win-win. Não faz sentido haver aprovação de apoios públicos ao investimento em novas unidades de colheita de sémen, pois mesmo a funcionar com todas as raças nacionais de leite e carne, o mercado é pequeno. Não podemos fugir ao desígnio da exportação, e para isso é necessário que a parte comercial e burocrática de legalização entre os países funcione bem, e de forma célere, porque as oportunidades perdem-se. O mercado mundial da genética bovina é muito competitivo, e Portugal tem boas condições para oferecer, a empresas internacionais que pretendam instalar-se por cá. Temos condições para estabelecer potenciais parcerias, com aposta na produção de qualidade, com o foco na exportação, mas para isso País, setor público e privados, terão que responder com mais eficiência e de forma articulada aos desafios que poderão vir a colocar-se quando uma oportunidade dessas surgir.