5º leilão Agriangus — Entrevista a João Diogo Ferreira
No passado dia 11 de abril teve lugar mais uma edição do Leilão Agriangus. Esta 5ª edição, que já se consolidou como um evento de referência no setor, teve a participação de 293 pessoas e contou com a licitação de mais de 40 novilhos e 30 novilhas criteriosamente selecionados. A Revista Ruminantes marcou presença e esteve à conversa com João Diogo Ferreira, impulsionador e apresentador do leilão.
Há quantos anos realiza leilões?
Este foi já o nosso quinto leilão. O primeiro aconteceu em 2021, em plena pandemia — um arranque particularmente desafiante. Curiosamente, todos os leilões seguintes coincidiram com momentos difíceis: o início da guerra na Ucrânia, surtos de doenças como a Língua Azul e a Doença Hemorrágica… Este ano, finalmente, tivemos uma conjuntura mais favorável, o que também se refletiu nos resultados.
Tem muitos clientes que repetem a compra?
Sim, temos um núcleo muito fiel de clientes. Mais de metade dos compradores deste ano já tinham participado em edições anteriores. Destaco em particular os Irmãos Soares, que foram os nossos primeiros compradores aquando do início da atividade — continuam connosco até hoje.
Quantos animais foram leiloados?
Foram leiloados 70 reprodutores, entre machos e fêmeas. Contámos com 79 licitantes, dos quais 31 concretizaram compras. Apenas um animal não foi vendido, o que nos dá uma taxa de venda de 99%.
Qual foi o preço médio de venda por reprodutor?
O preço médio das fêmeas foi de 4.998€, e o dos machos situou-se nos 4.655€.
Qual foi o valor mais alto e o mais baixo pagos por um reprodutor?
O valor mais elevado foi de 7.550€, e o mais baixo de 3.300€.
Houve compradores que adquiriram vários animais?
Sim, tivemos um cliente que comprou 12 lotes.
Quantos animais foram vendidos para o estrangeiro?
Exportámos 13 animais para Espanha e 3 para a Roménia.
Qual a cor mais procurada: o preto ou o vermelho?
O vermelho continua a liderar as preferências. É uma tendência marcadamente ibérica, que se tem repetido ano após ano.
Os resultados deste ano superaram as expectativas?
Superaram, sim. Sentimos um reconhecimento cada vez maior pelo nosso trabalho — não apenas pela qualidade individual dos animais, mas também pelo rigor zootécnico, pela filosofia de seleção e pela aposta contínua na inovação. Hoje em dia, os clientes valorizam muito mais do que apenas o tamanho ou o peso de um animal. Procuram reprodutores eficientes, moderados, férteis e funcionais — que facilitem a gestão das explorações.
Um bom reprodutor não deve comprometer os partos, deve ter bom aproveitamento alimentar e produzir carne com a qualidade que o mercado exige. E isto já não é uma exigência de nicho: há cada vez mais consumidores a procurar carne de qualidade.
Quem seleciona reprodutores tem de garantir que transmite superioridade genética — seja em marmoreio, fertilidade ou eficiência alimentar.
Quais são os planos para os próximos leilões? E de que forma os resultados deste ano influenciam esses planos?
Queremos aumentar ligeiramente o número de animais disponíveis. Este ano, alguns clientes habituais ficaram de fora por não conseguirem adquirir dentro do orçamento definido. Isso não nos agrada. O nosso objetivo é que o leilão seja inclusivo.
Aumentar o número de lotes não significa baixar a qualidade, mas sim diversificar a oferta. Assim, conseguimos baixar o preço médio final e permitir que mais criadores encontrem o animal certo para as suas necessidades.
Queremos continuar a servir, desde produtores em cruzamento industrial, até criadores exigentes em linha pura.
A visão é clara: o Leilão Agriangus não é um espaço para vender apenas animais caros. É um espaço para comprar bons reprodutores a preços justos.
Este evento é, acima de tudo, um momento de partilha, de celebração do nosso trabalho, e de transparência no que foi feito ao longo do ano.
Acreditamos que o futuro dos criadores mais comprometidos passará pela venda em leilão — não só como forma de comercialização, mas também como meio de visibilidade.
Eu próprio, enquanto criador, se souber que colegas vão leiloar os seus animais, estarei presente. Pode até surgir o desejo de comprar um reprodutor que me impressione. A venda privada não oferece esta experiência. Num leilão, todos os animais são vistos, comparados, avaliados. Mesmo que não se compre naquele ano, o impacto fica. Há memória. E há futuro. E isso, para nós, vale muito.