Fornecer alimentação concentrada fora do robot de ordenha – AFBI investigou os riscos
Traduzido de: afbi (Agri-food Biosciences Institute)
(Publicado em setembro de 2023 em: afbini.gov.uk/news/providing-concentrate-feed-outside-milking-robot-afbi-investigates-risks)
Sistemas automáticos de ordenha (AMS) têm benefícios percebidos em termos de mão-de-obra, o que tem despertado interesse no setor leiteiro da Irlanda do Norte, especialmente face ao aumento do tamanho dos efetivos e à redução da mão-de-obra agrícola.
Na Irlanda do Norte, ao mudar para um sistema automático de ordenha, normalmente muda-se também para um padrão de partos distribuído ao longo de todo o ano. Isso resulta em necessidades energéticas variadas dentro do rebanho. Satisfazer as diferentes necessidades de cada vaca, individualmente, através do alimento concentrado oferecida parcialmente na manjedoura (PMR-partly mixed ration) é, frequentemente, muito difícil. Portanto, é necessário fornecer a essas vacas com elevadas necessidades energéticas (geralmente vacas em lactação precoce e vacas de alta produção), um concentrado suplementar. Geralmente, isso é feito na estação de alimentação do robot de ordenha ou através de alimentadores fora da ordenha.
Nos sistemas automáticos de ordenha, o alimentador do robot de ordenha parece ser a escolha natural. No entanto, a quantidade de concentrado que uma vaca é capaz de consumir é limitada pela frequência com que é ordenhada, pelo tempo de ordenha e pela velocidade de ingestão. A conjugação destes fatores pode, por vezes, determinar que as vacas não tenham tempo suficiente no robot de ordenha para consumir concentrado adequado.
Os alimentadores exteriores à ordenha foram sugeridos como uma fonte útil de concentrado adicional para os sistemas de ordenha automáticos (AMS). No entanto, como o fornecimento de alimentação de concentrado dentro do robot é usado para motivar as vacas a serem ordenhadas, é importante perceber se a alimentação adicional de concentrado com alimentadores exteriores à ordenha tem um impacto prejudicial na frequência de visitas ao robot. Este estudo, financiado pela DAERA, DoE e AgriSearch, teve como objetivo abordar esta questão.
O estudo
Quarenta e oito vacas foram alojadas em estábulos durante a duração do curto estudo e tiveram acesso livre a um único robot de ordenha e a dois alimentadores exteriores à ordenha. Forneceu-se, uma vez por dia, PMR contendo silagem de relva e cereal inteiro (80% e 20% da matéria seca, respetivamente), bem como 2kg de mistura de concentrado por vaca. As vacas foram alocadas a uma de duas dietas: as vacas ‘robot-high’ receberam 80% do seu alimento concentrado adicional no robot de ordenha e 20% nos alimentadores fora da ordenha, enquanto as vacas ‘robot-low’ receberam 20% do concentrado adicional no robot e 80% através dos alimentadores fora do estábulo.
Estas quantidades adicionais de concentrado foram fornecidas com base na relação alimento/rendimento, mas foi sempre oferecido o mínimo de 1kg por vaca por dia no robot de ordenha. As ingestões de PMR e concentrado foram registadas por vaca, individualmente. O estudo explorou os efeitos da alocação de concentrado nas visitas ao robot de ordenha e aos alimentadores fora do estábulo, ingestão de concentrado e PMR, produção de leite e tempo deitadas.
Figura 1: Média de tempo deitado por dieta por semana
Resultados
Visitas ao robot de ordenha e aos alimentadores fora do estábulo
Não houve diferenças entre os grupos no número de visitas bem-sucedidas ao robot (onde a vaca foi ordenhada) e de visitas mal-sucedidas ao robot (quando a vaca volta ao robot demasiado cedo após a visita anterior e não é ordenhada). No entanto, a frequência de visita aos alimentadores fora do estábulo foi diferente: as vacas ‘robot-high’ visitaram os alimentadores exteriores em média 8,01 vezes menos por semana do que as vacas ‘robot-low’. As vacas ‘robot-high’ tiveram uma frequência de visita particularmente baixa aos alimentadores exteriores na semana 4, com quase metade das visitas das vacas ‘robot-low’.
Tabela 1: Número de visitas ao alimentador exterior à ordenha, por grupo, por semana do ensaio
• Nº visitas na semana 1 – Robot high: 24,4 | Robot low: 32,5
• Nº visitas na semana 2 – Robot high: 24,1 | Robot low: 30,9
• Nº visitas na semana 3 – Robot high: 22,3 | Robot low: 30,6
• Nº visitas na semana 4 – Robot high: 16,4 | Robot low: 30,8
Ingestão de alimentos e produção de leite
As vacas ‘robot-low’ consumiram mais do seu alimento concentrado alocado (combinado entre a estação de alimentação do robot de ordenha e os alimentadores exteriores à ordenha), deixando em média 192,5 g, em comparação com as vacas ‘robot-high’ que deixaram uma média de 379 g. As vacas ‘robot-high’ consumiram em média 46,3 kg de PMR, enquanto as vacas ‘robot-low’ consumiram em média 49,4 kg. No entanto, as vacas ‘robot-high’ consumiram menos PMR do que as vacas ‘robot-low’, apenas durante a semana 1, não havendo diferenças na ingestão de PMR entre as dietas a partir daí. Também não houve diferenças na produção de leite entre os dietas.
Tempo deitadas
Não foi encontrada diferença entre as vacas ‘robot-high’ e ‘robot-low’ no número de horas deitadas por dia.
Conclusões
Fornecer às vacas a maior parte do alimento concentrado fora do robot não diminuiu a frequência de ordenha. De acordo com isso, a produção de leite não foi afetada pelo local onde a maior parte do concentrado foi fornecida (o que seria esperado se a frequência de ordenha fosse menor). Além disso, as vacas que receberam a maior parte do alimento concentrado no robot de ordenha não tiveram um número mais elevado de visitas de ordenha mal sucedidas. Portanto, não foi surpreendente que não houvesse efeito no tempo deitado (o que seria esperado se um aumento nas visitas de ordenha mal sucedidas aumentasse as filas no robot de ordenha). Curiosamente, as vacas com uma maior alocação de alimento nos alimentadores exteriores visitaram-nos com maior frequência, o que significa que as vacas podem ajustar as suas visitas conforme necessário, para atingir os seus requisitos energéticos.
Embora a produção de leite tenha sido mantida independentemente dos padrões de alocação de alimento, as vacas com maior alocação no robot de ordenha deixaram quantidades mais elevadas de concentrado não consumido, o que é motivo de preocupação. Isso confirma ainda mais que o consumo de níveis muito elevados de concentrado no robot de ordenha é limitado pelo tempo da ordenha. Muitas vacas simplesmente podem não ter tempo suficiente durante a ordenha para consumir todo o alimento concentrado.
Quanto à ingestão de alimento concentrado total (PMR), as vacas que receberam mais concentrado no robot tiveram ingestões de PMR mais baixas na primeira semana, do que aquelas que receberam mais concentrado nos alimentadores exteriores, mas os efeitos não persistiram além da primeira semana. Este curto estudo produziu resultados promissores, bem como várias sugestões para futuros estudos.
Recomenda-se investigação adicional sobre tamanhos diferentes de efetivos, rotinas de maneio e disposições de alojamento. Este estudo representa um único componente de um projeto de investigaçãoem larga escala sobre produtividade e bem-estar em sistemas de ordenha robótica, atualmente em curso na AFBI Hillsborough, que, entre outros temas, está a estudar formas de otimizar as frequências de visita à ordenha e de como gerir um efetivo de ordenha robotizada em pastagem.
Mensagens finais
Este estudo demonstrou que, permitir que as vacas em sistemas de ordenha automática acedam a alimento concentrado em locais para além da estação de alimentação do robot de ordenha, não tem efeitos adversos nas visitas ao robot, na produção de leite ou no tempo deitado. No entanto, a provisão de mais alimento fora do robot de ordenha reduziu a quantidade de concentrado deixado não consumido, o que teria um efeito benéfico na eficiência da exploração agrícola. Os agricultores devem garantir que as vacas não sejam sobrealimentadas com concentrado dentro do robot de ordenh