A COOPERATIVA AGRÍCOLA DO BOM PASTOR, C.R.L., inicia, agora, uma nova e importante parceria, desta feita com a REVISTA RUMINANTES, visando divulgar, em benefício dos agricultores, os mais modernos modos de produção animal.
Desde sempre que os Açores conheceram, na produção animal, uma das atividades económicas mais importantes. Os primeiros povoadores viam na bovinicultura a “tração” para desbravar e lavrar os terrenos, em simultâneo com a produção de carne e leite para alimento familiar.
Limpos os matos e preparados os terrenos para as culturas, a produção animal demanda a transformação do leite, abandonando a desnatação espontânea e batedura em pote para a produção de manteiga, de fabrico caseiro, e a produção de queijo para consumo local, impondo a necessidade de uma verdadeira indústria de lacticínios em S. Miguel.
Impulsionada pela Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense (1843), a produção bovina viu chegar alguns espécimes de raças com maior vocação para a produção de leite, que nos fez chegar à chamada vaca “Holanda-Micaelense”, que prevaleceu e que forçou a substituição das velhas máquinas movidas por tração animal, para desnatar e bater as natas, por máquinas a vapor e outras sempre mais automatizadas que passaram a equipar as nossas unidades industriais.
A primeira metade do século XX assiste a uma enorme turbulência no setor leiteiro da ilha de S. Miguel e nos Açores em geral. As muitas e pequenas unidades industriais são confrontadas com os problemas próprios da sua dimensão e com a qualidade das suas produções. Depois, com a penúria da II Guerra Mundial, encontraram no mercado negro a sua subsistência, mas com o fim da guerra voltaram a entrar em crise profunda. Buscaram-se, assim, novas soluções, aparecendo investidores e novas unidades de transformação do leite logo após o fim da guerra, mas nenhuma agregando os produtores de leite.
É nesta altura que se constitui a COOPERATIVA AGRÍCOLA DO BOM PASTOR, C.R.L., por escritura pública de 17 de julho de 1948, a qual inscreve, nos seus estatutos iniciais, os seguintes objetivos:
- A cooperativa tem por fim o aproveitamento e transformação económica do leite produzido pelas vacas pertencentes a associados quando estes tenham as suas explorações dentro da circunscrição da cooperativa, e, especialmente, a venda coletiva de manteiga e queijo, podendo também:
- Vender o leite em natureza que seja necessário ao consumo público da área da cooperativa, segundo o preço e condições que vigorem ou, na sua falta, por aqueles que a Direção fixar, depois de ouvido Concelho Fiscal;
- Promover a instrução adequada a quem tenha de intervir nos diferentes serviços de exploração leiteira;
- Proceder ao ensaio e aplicação de material para o fabrico de manteiga e queijo, preparação de alimentos e ordenhos, e de tudo que tenha por fim facilitar o trabalho, ma reduzir o preço de custo e aumentar a produção;
- Adquirir, construir ou arrendar edifícios para instalação da sua sede, estábulos, armazéns e oficinas tecnológicas;
- Concorrer por todos os meios ao seu alcance dentro das respectivas atribuições legais e estatuárias, para o progresso e aperfeiçoamento da indústria de exploração de vacas e de lacticínios;
- Exercer qualquer industria zootécnica com o fim de aproveitar os subprodutos provenientes da transformação do leite em manteiga ou queijo.
Compreendendo que a dimensão económica já era, ao tempo, um fator determinante do sucesso e que os produtores de leite de S. Miguel mereciam ser donos de uma fábrica de lacticínios, a COOPERATIVA AGRÍCOLA DO BOM PASTOR, C.R.L., patrocinou, em 1954, a criação da UNILEITE – União de Cooperativas Agrícolas de Lacticínios e de Produtores de Leite da Ilha de S. Miguel, U.C.R.L., reservando para si aquele que hoje constitui o seu objeto social principal, que se constitui com a venda, em conjunto, do leite proveniente das explorações dos seus membros, a par com a comercialização de fatores de produção, nomeadamente máquinas, ferramentas, utensílios, rações, alimentos, fertilizantes, pesticidas, ou outros produtos necessários ou convenientes às explorações dos seus sócios, bem como da prestação de serviços, de índole organizativa, económica, técnica, tecnológica, e administrativa.
Com a realização do seu objeto social, a COOPERATIVA AGRÍCOLA DO BOM PASTOR, C.R.L., defende o reforço do rendimento dos seus associados, quer pugnando pela valorização dos seus produtos, quer fazendo o maior esforço para conter, ou reduzir sempre que possível, os custos com os serviços e fatores de produção que lhes fornece.
Esta ambição que nos orienta, que se materializa na procura do reforço do rendimento dos produtores agrícolas pela valorização do que produzem e pela redução dos custos de produção, constitui uma missão que queremos partilhar com as demais cooperativas agrícolas da Ilha de S. Miguel, em particular com as que, connosco, se encontram associadas à mesma união, como também com outras organizações de produtores e empresas de todas as ilhas dos Açores que se queiram irmanar com tal ambição.
O percurso feito ao longo dos anos pela COOPRATIVA AGRÍCOLA DO BOM PASTOR, C.R.L., bem como a evolução da produção pecuária dos Açores, que vê na bovinicultura de leite e de carne a sua maior expressão, são bem o exemplo da busca constante da modernidade e das melhores práticas de produção.
Hoje, a COOPERATIVA AGRÍCOLA DO BOM PASTOR, C.R.L. tem 585 sócios produtores de leite distribuídos por toda a ilha de S. Miguel, fornecendo cerca de 177 milhões de litros de leite à UNILEITE. O volume global de faturação atinge cerca de 71 milhões de euros, e a sua atividade, na área da comercialização de fatores de produção, estende-se por várias ilhas da Região Autónoma dos Açores. Esta relação com outras ilhas açorianas é uma das dimensões da nossa atividade que será reforçada nos próximos anos, através de novas parcerias, preferencialmente com entidades com escopo social relevante.
Aliás, tem sido relevante a abertura da COOPERATIVA AGRÍCOLA DO BOM PASTOR, C.R.L. a parcerias com várias entidades públicas e privadas. Aliás, entre as entidades públicas releva-se a existente com o Governo dos Açores, em particular com a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas a qual, compreendendo a vantagem de possuir os seus serviços próximos dos agricultores, acedeu ao pedido de estabelecer nas nossas instalações um núcleo de apoio ao agricultor, onde este pode obter toda a documentação que lhe é necessária, nomeadamente apresentar as suas candidaturas aos apoios agrícolas.
Nesta nova dinâmica que queremos, a parceria que agora se inicia com a REVISTA RUMINANTES assume uma significativa importância, pois visa a divulgação, pelos nossos sócios, de uma boa informação técnica, tecnológica e científica, com valor para todos os que fazem da produção bovina a sua atividade, e bem assim para, simultaneamente, nos darmos a conhecer, como organização cooperativa, e partilharmos com todos os seus leitores, o muito e bem que se faz na produção animal pela nossa Ilha e Região, em particular na bovinicultura.
Acreditamos que esta é uma oportunidade para afirmarmos a nossa capacidade e a qualidade do trabalho que realizamos.
Bem hajam.
O Conselho de Administração da Cooperativa Agrícola do Bom Pastor, C.R.L.