Os preços do leite e dos alimentos são voláteis, de um mês para o outro, o que pode ter impacto adverso na rentabilidade das explorações. Se o preço do leite cai e o dos alimentos sobe, a rentabilidade da exploração diminui. A variação destes fatores não anda de “mãos dadas” e a sua monitorização constitui uma forma simples de sabermos como vai o negócio e a sua tendência. Este é o verdadeiro objetivo do Índice VL.
Não podemos influenciar o preço do leite, o seu preço base não depende de nós, mas podemos, por exemplo, avaliar os regimes alimentares e reduzir os custos da alimentação de todos os animais da exploração, incluindo os de reposição.
O acentuado aumento do preço mundial de algumas matérias-primas trouxe para a ordem do dia a questão da rentabilidade das explorações de leite uma vez que os custos da alimentação da vaca leiteira podem representar mais de 50% dos custos totais associados à produção de leite (Alqaisi et al., 2011).
O custo da alimentação pode ser orçamentado pelo produtor. A chave está em desenvolver um sistema para monitorizar a relação entre o valor recebido pelo leite vendido e os custos de alimentação por vaca. O objetivo é ter algum grau de controlo sobre a receita bruta.
Desde outubro de 2013 que a revista Ruminantes (Ruminantes, Ano 3 – N.º 11) tem vindo a publicar o Índice VL. Este indicador pretende refletir a rentabilidade da produção de leite, em função dos custos com a alimentação das vacas. O Índice VL resulta do quociente entre a receita obtida com a venda do leite produzido por vaca da exploração (preço do leite pago ao produtor individual do continente) e os custos associados à alimentação da mesma vaca (preços dos alimentos praticados no continente) (Rodrigues et al.,2013).
De acordo com alguns estudos, o custo da alimentação tem um peso demasiado elevado no custo total do leite produzido em Portugal. Pode variar entre 56,7% e 63,6% (Batista et al., 2012) e 59,3% e 71,3% (Sottomayor et al., 2012). Para o cálculo do Índice VL tem sido utilizado um regime alimentar em que a silagem de milho é o alimento principal, como acontece no Entre Douro e Minho e na Beira Litoral, duas das 3 regiões do país onde é produzido mais leite de vaca.
A partir deste número, a revista Ruminantes, juntamente com a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco e com a Universidade dos Açores, vai passar a publicar o Índice VL – erva. Este novo indicador pretende refletir um regime alimentar para uma vaca leiteira baseado em pastagem e/ou em silagem de erva, conjuntamente ou não com silagem de milho. Este regime alimentar é típico da Região Autónoma dos Açores. Como tal, para o cálculo do Índice VL – erva vai ser utilizado o preço do leite pago ao produtor individual nos Açores e o custo da alimentação vai basear-se no preço tipo das forragens comercializadas naquela Região Autónoma.
Os custos de produção do leite e os preços de alguns alimentos são muito voláteis, podendo apresentar grandes variações de mês para mês. Estas flutuações podem ter um impacto adverso na rentabilidade das explorações leiteiras. Se o preço do leite pago ao produtor cai e se o preço dos alimentos sobe, a rentabilidade da exploração diminui. Embora a variação destes fatores não ande de “mãos dadas” a sua monitorização regular constitui uma ferramenta útil e simples de controlar o negócio do leite e a sua tendência evolutiva.
O produtor individual não pode influenciar os preços do leite nem das matérias-primas que entram na formulação de alimentos compostos, mas pode avaliar os regimes alimentares e reduzir os custos da alimentação de todos os animais da exploração, incluindo os de reposição.